Já aqui abordamos o
desenvolvimento Industrial em Avintes nos anos 50/60. Falamos no fabrico das
Carroçarias de Autocarros na Empresa “Guilherme Soares da Silva”, outras se
desenvolviam em simultâneo, tornando Avintes pioneira em algumas delas e com o
crescimento dessas Empresas se iam criando postos de trabalho para as pessoas
de Avintes e levava mesmo a grande “importação” de mão de obra das Freguesias
vizinhas.
Muita “Gente” de Oliveira do
Douro, Seixo Alvo, Alheira, Crestuma, Lever e Vilar de Andorinho viajava
diariamente entre a localidades de origem em direcção aos seus empregos e o
regresso a casa após mais um dia de labuta.
Os autocarros viajavam entre
estas localidades sempre a abarrotar, era um corrupio de pessoas que dava a
Avintes sinais de progresso e evolução o que nos ajudou a ser uma comunidade
próspera e a criação de riqueza ajudou-nos certamente a tornarmo-nos mais
disponíveis para o Associativismo e naturalmente para o “conhecimento” que nos
foi transmitido pela vivência com outras
pessoas e muito em particular pelas Associações que se dedicavam á cultura,
recreio e desporto.
Era a época da valorização do
empresário e empresas de Avintes, começávamos a especializarmo-nos em várias
áreas, Marcenaria, Sapatos, Guarda chuvas entre outras e de uma em particular
que lhes vamos falar hoje.
Fabrico de
Cartão em folhas.
Com a sua maior expansão nos
anos 60 e na margem do rio Febros muito próximo do lugar do Padrão, laborava
uma fábrica de transformação de papel/cartão usado que depois de tratado e
trabalhado era transformado em folhas de cartão que seria usado nos mais
variados fins (Caixas de cartão por exemplo).
O proprietário Sr. Marques
era natural de Rio Meão alugou as instalações a pessoas do local, adaptou-as ás
necessidades e aplicou a sua experiência de uma outra fabrica que já tinha na
sua terra, tinha na pessoa do seu cunhado o Sr. Coelho também ele natural de
Rio Meão o responsável pela fábrica em Avintes.
Como a maioria das empresas,
tudo ou quase tudo se fazia manualmente, necessitava de muita mão de obra o que
proporcionou emprego a muitas pessoas locais, mas também a muitas que vinham de
freguesias vizinhas.
O trabalho consistia na
recepção e descarga de camiões de pequeno porte dadas as características dos
arruamentos que transportavam fardos de papel/cartão usado recolhido pelos
“farrapeiros” Os dias de descarga, desde que não coincidisse com horários
escolares eram momentos de festa e á
“socapa” dos empregados a rapaziada “assaltava” o papel velho á procura de
livros de cowboys e todo o tipo de revistas da época que deliciavam a nossa
leitura e nos transportavam a uma vida que não era a NOSSA.
Depois da descarga era
armazenado e mais tarde separado o material (plástico por ex.) que não
interessava, após a escolha era descarregado em tanques apropriados que com
rodas em pedra e que giravam presas num eixo vertical e tocadas pela corrente
da agua, trituravam o papel/cartão o pessoal ia acrescentando no tanque a
quantidade apropriada de agua que depois de algumas horas com as rodas em
movimento produziam uma pasta liquida que quando atingia o “ponto” era
despejada sempre que necessário através de uma canalização interior até a uns
cilindros que prensavam essa pasta formatando em folhas de cartão que o
operador do cilindro definia as necessidades e as características.
As folhas ainda húmidas eram
amontoadas em paletes que seriam posteriormente transportadas para o local de
secagem por um camião de marca Hanomag

As funcionárias estendiam as
folhas manualmente nos ainda hoje conhecidos “campos do papelão” (hoje com um aspecto deplorável) até
ficarem secas, depois era o processo inverso as folhas de cartão seco eram
recolhidas e amontoadas para regressarem ao armazém da Fabrica.
A mão de obra era
essencialmente de mulheres, muitas delas de Crestuma e Seixo Alvo e algumas lá
do sitio, os trabalhos mais técnicos eram feitos pelos homens que trabalhavam
por turnos já que as maquinas trabalhavam 24 horas sem parar.
Como o elemento principal era a agua,
era na margem do Rio Febros que se potencializava este serviço.
Na próxima vamos falar
do CALÇADO.
Vejam mais em "FOTOS"
Um excelente trabalho sobre o passado recente de Avintes, que teria muito interesse em ser apresentado no próximo Fórum Avintense.
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