terça-feira, 9 de outubro de 2012

Degradação

A Industria Parte II
Já aqui abordamos o desenvolvimento Industrial em Avintes nos anos 50/60. Falamos no fabrico das Carroçarias de Autocarros na Empresa “Guilherme Soares da Silva”, outras se desenvolviam em simultâneo, tornando Avintes pioneira em algumas delas e com o crescimento dessas Empresas se iam criando postos de trabalho para as pessoas de Avintes e levava mesmo a grande “importação” de mão de obra das Freguesias vizinhas.
Muita “Gente” de Oliveira do Douro, Seixo Alvo, Alheira, Crestuma, Lever e Vilar de Andorinho viajava diariamente entre a localidades de origem em direcção aos seus empregos e o regresso a casa após mais um dia de labuta.
Os autocarros viajavam entre estas localidades sempre a abarrotar, era um corrupio de pessoas que dava a Avintes sinais de progresso e evolução o que nos ajudou a ser uma comunidade próspera e a criação de riqueza ajudou-nos certamente a tornarmo-nos mais disponíveis para o Associativismo e naturalmente para o “conhecimento” que nos foi  transmitido pela vivência com outras pessoas e muito em particular pelas Associações que se dedicavam á cultura, recreio e desporto.
Era a época da valorização do empresário e empresas de Avintes, começávamos a especializarmo-nos em várias áreas, Marcenaria, Sapatos, Guarda chuvas entre outras e de uma em particular que lhes vamos falar hoje. 
Fabrico de Cartão em folhas.  
  
 Com a sua maior expansão nos anos 60 e na margem do rio Febros muito próximo do lugar do Padrão, laborava uma fábrica de transformação de papel/cartão usado que depois de tratado e trabalhado era transformado em folhas de cartão que seria usado nos mais variados fins (Caixas de cartão por exemplo).
O proprietário Sr. Marques era natural de Rio Meão alugou as instalações a pessoas do local, adaptou-as ás necessidades e aplicou a sua experiência de uma outra fabrica que já tinha na sua terra, tinha na pessoa do seu cunhado o Sr. Coelho também ele natural de Rio Meão o responsável pela fábrica em Avintes.
Como a maioria das empresas, tudo ou quase tudo se fazia manualmente, necessitava de muita mão de obra o que proporcionou emprego a muitas pessoas locais, mas também a muitas que vinham de freguesias vizinhas.
O trabalho consistia na recepção e descarga de camiões de pequeno porte dadas as características dos arruamentos que transportavam fardos de papel/cartão usado recolhido pelos “farrapeiros” Os dias de descarga, desde que não coincidisse com horários escolares eram momentos de festa  e á “socapa” dos empregados a rapaziada “assaltava” o papel velho á procura de livros de cowboys e todo o tipo de revistas da época que deliciavam a nossa leitura e nos transportavam a uma vida que não era a NOSSA.
Depois da descarga era armazenado e mais tarde separado o material (plástico por ex.) que não interessava, após a escolha era descarregado em tanques apropriados que com rodas em pedra e que giravam presas num eixo vertical e tocadas pela corrente da agua, trituravam o papel/cartão o pessoal ia acrescentando no tanque a quantidade apropriada de agua que depois de algumas horas com as rodas em movimento produziam uma pasta liquida que quando atingia o “ponto” era despejada sempre que necessário através de uma canalização interior até a uns cilindros que prensavam essa pasta formatando em folhas de cartão que o operador do cilindro definia as necessidades e as características.
 
 
As folhas ainda húmidas eram amontoadas em paletes que seriam posteriormente transportadas para o local de secagem por um camião de marca Hanomag

também de pequeno porte e que sempre que fazia o percurso entre a fábrica e os locais de secagem era motivo para mais uma festa da rapaziada dado que a viagem era feita em velocidade reduzida originada por um lado com a carga e porque os CAMINHOS eram atribulados e  a “malta” aproveitava para correr atrás do camião e penduravam-se no taipal traseiro para aproveitar a boleia.
As funcionárias estendiam as folhas manualmente nos ainda hoje conhecidos “campos do papelão” (hoje com um aspecto deplorável) até ficarem secas, depois era o processo inverso as folhas de cartão seco eram recolhidas e amontoadas para regressarem ao armazém da Fabrica.
A mão de obra era essencialmente de mulheres, muitas delas de Crestuma e Seixo Alvo e algumas lá do sitio, os trabalhos mais técnicos eram feitos pelos homens que trabalhavam por turnos já que as maquinas trabalhavam 24 horas sem parar.
Como o elemento principal era a agua, era na margem do Rio Febros que se potencializava este serviço.

Hoje a fábrica apresenta o aspecto que as fotos conseguem transmitir, muitos de vocês vão-se recordar de episódios iguais ou parecidos, A ideia é trazer para outra visibilidade o que foi a industria em Avintes e o que ela é neste momento. Vamos trazer exemplos ligados a outras actividades e em estado de degradação como este mas em decadência á menos tempo.
Na próxima vamos falar do CALÇADO.
 

Vejam mais em "FOTOS"

1 comentário:

  1. Um excelente trabalho sobre o passado recente de Avintes, que teria muito interesse em ser apresentado no próximo Fórum Avintense.

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